Projeto de loteamento em Ipanema será debatido em reuniões

Após manifestações da comunidade, assunto polêmico chega a conselho e comissão do meio ambiente

 

A mobilização de moradores da Zona Sul de Porto Alegre, reunidos no Movimento Preserva Arroio Espírito Santo (www.facebook.com/PreservaArroioES), contra a implantação de um novo loteamento em Ipanema, em área verde de 12,9 hectares, está fazendo com que o assunto seja debatido em órgãos municipais relacionados ao meio ambiente. Além de serem contrárias ao desmatamento (que afetaria o microclima da região) e ao consequente desalojamento de espécies animais, diversas entidades e milhares de pessoas estão reivindicando que o arroio Espírito Santo não seja canalizado. Segundo os representantes do grupo, se a canalização vier a acontecer, o impacto o ambiente poderá ser ainda maior, com aumento da frequência e da intensidade de alagamentos.

No dia 22 de novembro (quinta-feira), às 10h, o assunto será debatido em encontro aberto ao público na Câmara Municipal. A reunião extraordinária da Cosmam (Comissão de Saúde e Meio Ambiente), no Plenarinho da Câmara, terá como tema o empreendimento que prevê a construção de prédios residenciais na região da orla de Ipanema. Na quinta-feira seguinte (29/11), às 14h, o assunto será tema da reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam), na Avenida Borges de Medeiros, 2244.

 

Comunidade demonstra contrariedade contra efetivação do loteamento há 18 anos


A contrariedade da população da Zona Sul de Porto Alegre quanto ao projeto do loteamento remonta ao ano 2000. Naquele ano, após descobrirem detalhes do projeto que previa a construção de 16 prédios de dez andares, além de casas, o desmatamento de cerca de 80% da área de 12,9 hectares e, ainda, a canalização do arroio Espírito Santo, milhares de pessoas também se opuseram, por meio de abaixo-assinado e manifestações, à efetivação do empreendimento. Na época, o Ministério Público do RS acolheu o pedido da comunidade e de entidades ambientalistas, acionando a Justiça. Em 2011, em julgamento no STF, o empreendedor conseguiu o direito de seguir com o projeto.

Mas, passados sete anos da decisão judicial (e 18 anos após a primeira mobilização), a comunidade voltou a se unir em defesa da área, reivindicando a preservação do local e rejeitando a proposta da construção de edificações nas proximidades do Guaíba, além de buscar alternativas para “salvar” uma das maiores áreas verdes da Zona Sul da capital gaúcha. Todas as terças-feiras, às 19h30, o grupo está realizando reuniões de mobilização na sede do Clube do Professor Gaúcho (CPG), na Avenida Guaíba, 12060. Foram promovidas ainda duas caminhadas no calçadão (dias 4 e 11 de novembro), reunindo centenas de pessoas em manifestações que terminaram com abraço simbólico em frente à área.

Paralelamente, além de contatos com diversos órgãos e outras ações, está sendo promovida petição, a ser entregue, posteriormente, à Prefeitura, à Câmara Municipal e ao Ministério Público do RS. O abaixo-assinado que reivindica a manutenção da mata nativa e é contrário á canalização do arroio já foi assinado por mais 25 mil pessoas (www.obugio.org.br/petitions/nao-a-derrubada-de-mata-atlantica-e-nao-a-canalizacao-do-arroio-espirito-santo-em-porto-alegre).