Após inspirar superação e amor à vida e à infância, Projeto Gaditas inspira documentário

Criado pelo faixa preta em Jiu-Jitsu Eduardo Oliveira, ex-morador de rua e ex-dependente químico, a motivação do Projeto Gaditas era salvar não apenas a vida de seu próprio criador, mas também a de centenas de crianças em situações de vulnerabilidade social

Quando Eduardo Oliveira começou a praticar Jiu-Jitsu, sua intenção era manter-se afastado das drogas, caminho ao qual esteve ligado dos 11 aos 24 anos, após sua família se desestruturar e ele acabar vivendo na rua. Mas a prática do esporte lhe trouxe disciplina, a religião proporcionou a fé e, após formar uma nova família com sua esposa, Janaína, Eduardo também encontrou suporte para mudar não apenas a sua vida, mas também a de centenas de crianças. Foi buscando salvar vidas que Eduardo encontrou a motivação para salvar também a sua, e, assim, nasceu, no final de 2009, o Projeto Gaditas, uma escola e equipe de Jiu-Jitsu para crianças de 5 a 17 anos, gratuita, onde os alunos encontram orientação e motivação para superar uma vida difícil. Sempre com o encorajamento de Eduardo, cujo apoio aos alunos extrapola a função do professor para atingir a referência poderosa de um pai.


Gaditas: uma família que só cresce  

Com mais de 2 mil crianças atendidas durante 11 anos, atualmente, o Projeto Gaditas conta com mais de 300 alunos, espalhados em quatro filiais. Mas tudo começou na casa de Eduardo (junto com sua esposa e as duas filhas, Ana Carolina e Maria Eduarda), no bairro Guarujá. Atualmente, a residência, além de ser sede do projeto, também é a casa de cerca de 20 alunos. Porém, o fato de o casal levar tantas crianças para morar junto trouxe problemas com o Conselho Tutelar, que ameaçou terminar com o projeto, no final de 2018. Depois de tudo resolvido, Eduardo e Janaína não quiseram mais correr esse risco e entraram com pedido de adoção de quatro alunos que já moravam na casa e, hoje, são, legalmente, seus filhos também. Não satisfeitos, o casal ainda aguarda a resposta sobre o pedido de guarda de mais nove crianças que residem com eles.

Filme conta trajetória no campeonato brasileiro de Jiu-Jitsu 2019

A palavra Gaditas é bíblica e significa “nascidos para vencer”. Mas, se o projeto também fosse traduzido por “salvar vidas”, não seria nenhuma mentira e foi exatamente assim que um documentário lançado em 2019, “Gaditas – salvando vidas”, resolveu nomear o trabalho de Eduardo e sua equipe.

O documentário foi produzido por José Luís Follador e Aline Bortolon, responsáveis pelo programa Jiu-Jitsu na Estrada, tem cerca de 50 minutos de duração e conta a trajetória da equipe do Gaditas durante o Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu de 2019, quando Eduardo conseguiu levar 70 crianças para competir em São Paulo – de onde voltaram com mais de 50 medalhas e o 2° lugar na categoria infanto-juvenil e no geral (entre 4 e 15 anos). O número foi o recorde de alunos que o projeto conseguiu levar para competir, mostrando uma curva sempre ascendente de participação: foram 44 crianças que viajaram em 2018 – das quais 29 voltaram com medalhas de primeiro lugar.

É possível assistir o documentário “Gaditas – salvando vidas”, gratuitamente, pelo YouTube, no canal “Jiu-Jitsu na Estrada / Jiu-Jitsu on the Road”, ou diretamente através do link.

A importância de viajar para competir

No início, o Projeto Gaditas conseguia levar poucas crianças para viajar e competir. Até que uma delas ganhou medalha, voltou para casa, contou o que tinha acontecido e provou que conseguia. Desde então, o número de crianças querendo participar do projeto cresce a cada ano, assim como o número de medalhas. Mas, para Eduardo, a verdadeira vitória nunca esteve nas premiações, mas, sim, na quantidade cada ano maior de alunos cujas expectativas sobre a vida se ampliam depois de serem levados para viajar e competir. Eduardo afirma, categoricamente: “Eu acredito que, simplesmente, uma viagem pode mudar uma vida”. E ele trabalha arduamente com sua equipe para tornar esse pensamento uma realidade na vida de seus alunos.

Com a missão difícil e audaciosa de salvar vidas e com uma humildade reservada aos sábios, Eduardo sabe que não vai fazer isso sozinho, por isso, conta com a lealdade e o exemplo que dá para seus alunos: “Corram atrás de pessoas que estejam precisando, porque um dia a gente correu atrás de vocês, a gente ajudou vocês. Tudo que fizemos por vocês, façam pelos outros. Por favor, esse é o meu pedido. Vocês sabem qual é a missão: a gente precisa salvar vidas”.

Projeto depende de doações para continuar e ampliar suas ações 

O Projeto Gaditas sempre teve suas aulas gratuitas e nunca cobrou nada além de dedicação de seus alunos. Tudo que o projeto conquistou nesses 11 anos, como a ampliação do espaço, a alimentação e a estadia das crianças e os custos com as viagens dos alunos para competir, foi através de doações e dedicação de Eduardo e sua equipe. Como o intuito do Projeto Gaditas é receber cada vez mais crianças que precisam de cuidado e levar cada vez mais alunos para viajar e competir, o projeto realiza campanhas, como a Adote um atleta – que visa conseguir patrocinadores para custear a participação das crianças em competições fora da cidade, do estado e, até mesmo, do país – e a campanha para conseguir uma Kombi e garantir também o transporte das crianças. As doações, seja de alimentos, de material ou de trabalho voluntário, podem ser encaminhadas para o próprio Eduardo, na sede do projeto, na Avenida da Serraria, 1800, casa 01, após combinar pelo fone e WhatsApp (51) 98012-4645. O projeto Gaditas também tem uma conta para doações: Associação Projeto Gaditas – CNPJ 23.531.125/0001-08 (Banco Santander – AG: 1576 – CC 13005279).