Redescobertos exemplares de O SABIdo, primeiro jornal de bairro de Porto Alegre

Publicação pioneira circulou na Zona Sul da capital gaúcha há 65 anos

A Zona Sul de Porto Alegre sempre foi referência como “berço” dos jornais de bairro, pelo pioneirismo e pelo grande número de publicações em circulação ao longo de décadas. Os três primeiros jornais de bairro  da capital gaúcha (O SABIdo, O Colméia e O Bairrista) foram fundados na região do bairro Ipanema, onde, há 32 anos, circula O Jornalecão, que só não é o jornal de bairro há mais tempo em circulação na cidade porque O Cristóvão, do bairro Floresta, se aproxima dos 35 anos de existência.

Recentemente, parte desta história foi resgatada com a redescoberta de exemplares de O SABIdo, que circulou entre 1954 e 1958, editado por Odemar Marino Ferlauto e pela Sociedade Amigos dos Balneários de Ipanema (SABI), que está sediada, até hoje, na Avenida Guaíba esquina com Rua Engenheiro Coelho Parreira, em Ipanema.

A história do primeiro jornal de bairro, que buscava atender os moradores e veranistas da região, corria o risco de se perder por falta de referências e exemplares, até que, no ano 2000, o saudoso Hélio Ricardo Alves, falecido pesquisador dos assuntos de Ipanema, apresentou dois exemplares do jornal O Colméia ao jornalista Gustavo Cruz da Silveira, um dos editores de O Jornalecão, que, na época, era estudante e divulgou a “descoberta” em trabalho acadêmico. Em um destes exemplares de O Colméia, de 1967, havia referência a uma publicação anterior, e, desde então, começou a busca por exemplares de O SABIdo. Apesar de relatos de moradores antigos confirmarem a existência do jornal, aparentemente, todos os exemplares haviam se perdido ao longo dos anos.

Isso até agora, 19 anos depois, porque Beto Abel (Betinho), que que jogou futebol de salão (atual futsal) por muitos anos na SABI, soube desta busca e se empenhou em contatos até encontrar o primeiro jornal de bairro. Conversando com James de Azevedo Bajczuk, descobriu que a mãe do amigo, Cenira de Azevedo Bajczuk, filha do primeiro presidente da SABI (José Maria Barcelos de Azevedo), havia guardado todos os exemplares de O SABIdo. Devido à raridade, os exemplares seguem muito bem guardados pela família, mas cópias digitalizadas estão sendo repassadas ao jornal O Jornalecão para que seja possível disponibilizar as páginas do primeiro jornal de bairro para pesquisadores e interessados.

A espera foi longa, mas o reaparecimento de O SABIdo, justamente no ano em que se comemora seu 65° aniversário e, consequentemente, os 65 anos dos jornais de bairro de Porto Alegre, além de uma festejada surpresa, recupera os primórdios da história do jornalismo comunitário, que floresceu e segue perseverando, desde a década de 50, na Zona Sul da capital.