Possibilidade de mineração próxima à cidade deixa população em alerta

Instalação de mina nos arredores da capital faz porto-alegrenses quererem mais informações sobre o assunto

A divulgação da possível instalação de uma mina para exploração de carvão mineral, cascalho e areia entre Charqueadas e Eldorado do Sul, do outro lado do lago que banha Porto Alegre e a cerca de 20 km de distância, em média, – em linha reta – da cidade, chamou a atenção dos moradores da capital gaúcha. Enquanto parte dos cidadãos está interessada em saber mais sobre o assunto, há também os que estão preocupados com os impactos na Região Metropolitana, caso o empreendimento realmente saia do papel. Desde as recentes tragédias de Mariana e Brumadinho, que estão relacionadas à mineração, cresceu a preocupação com este tipo de exploração do solo, pois, além do risco de perda de vidas, há sempre impactos ao meio ambiente.

Desde que a Copelmi apresentou o projeto da Mina Guaíba, para mineração de carvão mineral, areia e cascalho e que está em processo de licenciamento ambiental, a proposta gera debate sobre suas consequências ao meio ambiente e às comunidades adjacentes, pois, entre as alterações necessárias para a mineração poder ser realizada no local, está a necessidade de reassentar mais de 70 famílias agricultoras de Eldorado do Sul. Entre os ambientalistas, uma das maiores preocupações é quanto ao risco de poluição do Rio Jacuí, que é um dos formadores do lago Guaíba e é responsável por cerca de 80% da água de boa qualidade que chega ao lago. A contaminação por metais pesados tóxicos também é uma das possibilidades. A poeira gerada pela extração do carvão também poderia chegar aos cursos d’água, prejudicando a fauna, a flora e a saúde humana.

Audiência pública debaterá o tema

Desde maio, o assunto vem sendo debatido em Porto Alegre. Naquele mês, a Associação Comunitária Jardim Isabel (Ascomjisa) realizou debate em sua sede, pois os moradores demonstraram preocupação, devido à proximidade da mina projetada em relação ao bairro (cerca de 23 km).

Em julho, o tradicional Agapan Debate, promovido pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, também tratou do tema. Na ocasião, os participantes puderam entender um pouco melhor os aspectos econômicos da exploração do carvão e de outros minerais, além dos perigos da mineração para a saúde humana, pois pode ser o fator desencadeante para doenças respiratórias, por exemplo.

E, devido à grande repercussão do assunto e seus possíveis impactos ambientais, sociais e econômicos, o tema agora será debatido em audiência pública convocada pelo Ministério Público (Estadual e Federal), marcada para 20 de agosto, a partir das 18h, no Auditório do Ministério Público Estadual, na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 80. Na ocasião, a população terá mais uma oportunidade de conhecer melhor o projeto e suas implicações.