Entidades e moradores da Zona Sul de Porto Alegre se reúnem para debater implantação do Loteamento Ipanema

Marcado para esta terça-feira (23 de outubro), encontro acontece duas semanas após empreendedor apresentar alguns detalhes do projeto

 

Nesta terça-feira (23 de outubro), a partir das 19h30, a comunidade da Zona Sul de Porto Alegre se reúne para debater o projeto de implantação do Loteamento Ipanema, localizado na divisa entre os bairros Ipanema e Espírito Santo, e possíveis propostas de alteração a serem apresentadas ao empreendedor, além de outras ações que os interessados no assunto possam vir a articular durante ou após o encontro. Além da preservação ambiental, outras preocupações são as compensações e o impacto da chegada de milhares de novos moradores.

A reunião, convocada por entidade dos dois bairros e também do Guarujá, será realizada na sede do Clube do Professor Gaúcho (CPG), sediado na Avenida Guaíba, 12060, em Ipanema, ao lado da área prevista para instalação do empreendimento. 


Construção de condomínio junto à Avenida Guaíba reabre polêmica de 18 anos atrás

 

O assunto gerou muita controvérsia no ano 2000, quando, após um abaixo-assinado com milhares de assinaturas de pessoas contrárias à construção e favoráveis à preservação da mata nativa ser encaminhado ao Ministério Público (MP), que entrou com ação na Justiça, o que levou o projeto a ficar paralisado desde então.

 

Reunião pública realizada pelo empreendedor e pela Prefeitura teve o objetivo de informar comunidade sobre o projeto

 

Foto Reunião Maiojama Outubro 2018Nestes últimos 18 anos (2000 a 2018), o caso passou por diversas instâncias judiciais, até que, recentemente, a Justiça determinou, em instância final, que a Maiojama, proprietária da área, pode continuar a desenvolver o empreendimento. Por isso, no dia 10 de outubro, em reunião pública informativa solicitada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams), no salão paroquial da Igreja Santa Rita, no bairro Guarujá, os empreendedores começaram a passar informações a comunidade sobre os próximos passos no desenvolvimento do Loteamento Ipanema. 

Foi relatado, na ocasião, que o projeto original do empreendedor deverá ser modificado, mas ainda não foi apresentada uma nova proposta de ocupação da área, pois as alterações estão em análise nesta fase de licença de instalação (processo administrativo nº 001.031337.15.5). Algumas definições, no entanto, foram adiantadas aos participantes, que tinham muitas dúvidas em relação ao projeto. Uma delas é de que segue a proposição de canalizar o Arroio Espírito Santo. Já os prédios não deverão ser de 10 andares, como previsto anteriormente, mas não há sinalização de quantos andares teriam cada prédio, nem o número de edificações. A área a ser preservada deverá ser um pouco superiro aos 20% antes previstos. Além disso, foram apresentados detalhes sobre remoção de árvores que serão transplantadas (por serem protegidas por lei) e alguns cuidados que deverão ser tomados para tentar evitar que os animais “fujam” da área que será preservada dentro do empreendimento.

Além das muitas dúvidas e manifestações de preocupação da comunidade quanto ao meio ambiente e a infraestrutura necessária para receber milhares de novos vizinhos, outro motivo de apreensão da comunidade é relativo ao Clube do Professor Gaúcho (CPG). O professor Cassiano Leal, representante da entidade na reunião, questionou a possibilidade de que as ruas que serem construídas dividissem a área do clube em três partes.  O empreendedor informou que só está autorizada a fazer o arruamento na área do Loteamento Ipanema. Já o secretário da SMAMS, Maurício Fernandes, disse que a secretaria não foi informada sobre qualquer modificação na área do clube, mas se comprometeu a buscar informações sobre o assunto junto a outros órgãos municipais.

 

Entenda porque o Loteamento Ipanema gera tanta polêmica


Loteamento IpanemaMais de 18 anos depois de ter chegado ao conhecimento da comunidade e ter causado uma reação imediata de parte da população, especialmente, entre os moradores da Zona Sul da Porto Alegre, o projeto do Loteamento Ipanema volta a ser tema de debate. No ano 2000, após forte pressão popular (amplamente noticiada por O Jornalecão e, posteriormente, por outros jornais de Porto Alegre), o Ministério Público (MP) entrou com ação na Justiça para suspender a tramitação do projeto do empreendimento, que estava em fase de aprovação junto ao Município e previa a construção de 16 prédios de dez andares, além de casas e da canalização de parte do Arroio Espírito Santo. Estava prevista, ainda, a preservação de, aproximadamente, 20% da área.

O MP, então, acolheu o pedido de milhares de pessoas, por meio de abaixo-assinado promovido, inicialmente, pelo movimento União pela Vida (depois, com adesão de outras entidades e grupos), que solicitaram que a área de mais de 12 hectares fosse preservada. Uma das alegações do movimento era de que a área faria parte da mata atlântica, com espécies vegetais e animais que já naquela época (ano 2000) corriam risco de extinção. Entre as preocupações de milhares que assinaram o pedido, estavam possíveis alterações no microclima da região, desolajamento de espécies de animais e retirada de árvores nas áreas onde seriam construídos os prédios e casas e as ruas internas. Outra grande preocupação da comunidade, há 18 anos, era com a preservação do Arroio Espírito em, pelo menos, 15 metros de cada lado de suas margens, na parte que ainda não está canalizado atualmente.  Na época das manifestações, surgiu com este objetivo o movimento SOS Arroio Espírito Santo.