Bairro Tristeza participa da campanha Setembro Amarelo

A Tristeza vem vivendo dias intensos desde o início de setembro e, de uma forma ou de outra, parou por um minuto para refletir sobre o suicídio no último dia 10. O encontro organizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) e pela Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), juntamente com o apoio do Ministério Público do RS e da Secretária Municipal da Saúde, reuniu a população do bairro da zona sul para falar sobre a Tristeza e o suicídio.

O evento que ocorreu na Praça Comendador Souza Gomes fazia parte da programação do setembro amarelo. O mês de prevenção ao suicídio no Brasil é uma iniciativa que surgiu em 2014, em um encontro na cidade de Belo Horizonte. No encontro, o CVV e várias entidades psiquiátricas instituíram o mês aproveitando o dia 10 de setembro que é o dia Mundial de prevenção ao suicídio.

Os moradores do bairro receberam cartilhas, puderam discutir um pouco mais sobre o tema e entender melhor como este assunto afeta diariamente a população.  Além disso, quem participou do evento também recebeu um ombro amigo para uma conversa franca e dicas para auxiliar alguém amado que está pensando em suicídio ou a lidar melhor com o tema.

Segundo a organização mundial de saúde, OMS, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo e esta ainda é a segunda maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos.

O Rio Grande do Sul é um dos estados mais afetados pelo problema. Segundo o presidente da Associação de psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), Flávio Milman Shansis, “Os maiores índices de suicídio do Brasil acontecem no Rio Grande do Sul. Temos um problema de saúde pública em nosso Estado. Mas cerca de 90℅ dos casos podem ser evitados com tratamento adequado”, relata. Conscientizar sobre este perigo e sobre todos os tabus envolvendo o suicídio foi o objetivo do evento.

 

Uma campanha polêmica

 

Para divulgar o setembro amarelo, e principalmente o encontro, as entidades se uniram a Agência Matriz na criação de uma campanha que chamasse a atenção dos moradores. A campanha publicitária“Precisamos falar sobre a tristeza”consistiu em espalhar cartazes com os dizeres Muda tristeza pelo bairro. Havia o endereço de uma página do facebook onde se propunha a mudança do nome do bairro. Na página a chamada para um evento que ocorreria no dia, na Praça Comendador Souza Gomes.

Muitos moradores não gostaram do teor da campanha e se posicionaram contra a mudança do nome do bairro.  A resposta negativa fez com que a organização do evento divulgasse antes do previsto que se tratava de uma ação do setembro amarelo. “Os moradores não são contra campanhas na área da saúde, independente se for sobre suicídio (setembro amarelo) ou qualquer outra doença, somos contra a maneira que campanha vinculou e deixou explícita no seu início uma tentativa clara em mudar o nome do bairro” Esclareceu o funcionário público, Juliano Garcia, cuja família é moradora do bairro há mais de 100 anos e criou a página “Não vai mudar. A tristeza está feliz assim” no facebook para responder a campanha feita pelas entidades.

 

Precisamos falar sobre suicídio

 

Suicídio nunca foi um tema fácil. De acordo com a coordenadora do CVV, Liziane Eberle, o silêncio pode agravar ainda mais a situação.  “Este é um assunto que vai sendo colocando de lado, não falamos sobre isto para não nos envolvermos. Temos que olhar para o outro, perguntar. As pessoas querem ser olhadas e hoje elas não recebem este olhar”, lamenta.A coordenadora aconselha que os familiares e amigos não fechem os olhos caso percebam uma pessoa nesta situação.

O número de apoio emocional, tanto ao suicida quanto a familiares, do CVV é 188. O telefone funciona 24 horas e o interessado pode encontrar alguém para escutá-lo.   Caso a pessoa prefira, a organização também presta atendimento presencial na Avenida José de Alencar, 414 (sala 205), das 8h às 18h.

O CVV está no Brasil há 56 anos e atua em Porto Alegre há 46 anos. Neste mês de setembro, a organização irá promover diversos eventos na cidade para a conscientizar sobre o suicídio.

Conforme Ebele, a ajuda existe, e ela pode evitar muitas mortes. “Falar não machuca. Não tenha medo de questionar diretamente se você acredita que alguém que você ama possa estar pensando em suicídio”